Segundo Ricardo Cavalcante, o impacto se dá de maneira mais aguda, pois “as indústrias cearenses enfrentam maiores desigualdades estruturais e dificuldades no acesso ao crédito”.
O mercado futuro de juros promoveu ajustes na curva na manhã desta sexta-feira, 20, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) Banco Central elevou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual na última quarta-feira, para 15% ao ano. A elevação, somada ao tom considerado duro do comunicado do BC, promove uma elevação firme nas taxas futuras de curto prazo, ao passo que as longas recuam. A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 15% ao ano – o maior patamar em quase 20 anos – causou indignação no setor produtivo brasileiro.
Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (19), com assinatura de seu presidente Ricardo Cavalcante, a entidade enfatizou que o patamar dos juros provoca um “custo inaceitável” para o setor produtivo. Para Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos, o dia é de ajustes técnicos na curva de juros, uma vez que cerca de 40% das apostas do mercado estavam posicionadas para a manutenção da Selic. “A decisão do Copom foi correta e a curva deverá precificar manutenção até dezembro. “Mas ao longo do tempo, a curva deve voltar a estressar um pouco, em função do fiscal, uma vez que o governo ainda enfrenta dificuldades”, afirma. Às 11h39, DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,960%, contra 14,868% do ajuste de quarta-feira.
NOTA FIEC:
“A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) manifesta profunda preocupação com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% ao ano.
Trata-se de um dos níveis mais elevados da história recente do Brasil, que impõe um custo inaceitável para a produção industrial e penaliza especialmente as indústrias do Ceará, que enfrentam maiores desigualdades estruturais e dificuldades no acesso ao crédito.
A justificativa de combate à inflação é fundamental, porém não pode ignorar os efeitos colaterais profundos desse aperto monetário: retração de investimentos, paralisação de projetos, fechamento de linhas de produção e aumento do desemprego no setor industrial.
A política monetária e a política fiscal são complementares e precisam estar alinhadas. Se, por um lado, a política monetária busca o controle inflacionário, por outro, a política fiscal não apresenta controle das contas públicas, operando com déficits constantes e aumento da relação dívida pública/PIB.
O setor produtivo não pode continuar sendo o fiador do ajuste econômico do país. A taxa Selic de 15% ao ano coloca o Brasil em uma posição completamente descolada do restante do mundo, onde os juros reais estão em trajetória de queda. Além disso, compromete a previsibilidade necessária para que o setor privado possa planejar investimentos de médio e longo prazo, especialmente aqueles voltados à inovação, sustentabilidade e geração de emprego formal”