Por: Yury Rufino Queiroz, Procurador do Estado, Advogado, Mestre e Doutorando em Direito.
Em tempos de hiperconectividade, a política eleitoral tornou-se um campo fértil para a manipulação simbólica e a desinformação. Mais do que convencer eleitores com propostas concretas, campanhas políticas têm explorado símbolos, narrativas emocionais e fake news para moldar percepções e influenciar decisões.
Esse fenômeno, descrito por Pierre Bourdieu como poder simbólico, permite que determinadas ideias se consolidem como verdades, mesmo sem base em fatos.
A desinformação é uma das principais ferramentas desse processo. Diferente de um simples erro, ela é criada intencionalmente para reforçar crenças preexistentes e minar a credibilidade de opositores e instituições.
Fake news que exploram medo e indignação são rapidamente disseminadas por algoritmos que favorecem conteúdos virais, criando bolhas informacionais onde o eleitor consome apenas versões da realidade que reforçam suas convicções.
Nas eleições, esse poder simbólico se manifesta de diversas formas. Políticos frequentemente se apresentam como “antissistema”, mesmo quando fazem parte da elite política. Outros constroem o mito da “ameaça externa”, alimentando teorias conspiratórias para justificar medidas autoritárias ou deslegitimar decisões.
A repetição dessas narrativas gera percepções que resistem a desmentidos, tornando a verdade um conceito cada vez mais relativo.
Diante desse cenário, o Direito Eleitoral enfrenta o desafio de equilibrar a liberdade de expressão e o combate à manipulação. Medidas como a regulamentação de plataformas digitais, transparência algorítmica e educação midiática, têm a essencialidade discutida no seio acadêmico e social.
É fundamental que os eleitores desenvolvam o pensamento crítico, buscando diversificar suas fontes de informação e verificar a veracidade dos fatos. A realidade vai muito além do que é encontrado na internet.